Dia 05 - Limites e Limitações



Hoje consigo fazer o exercício do circulo com mais rapidez e com mais facilidade do que antes, no começo foi difícil, eu não entendia bem quando ouvia alguns companheiros falando sobre colocar limites a eles mesmos e não ao adicto ou aos outros.
Eu vivia me perguntando o motivo pelo qual eu deveria impor limites a mim, afinal de contas eu sempre fui uma boa filha, uma profissional responsável e uma estudante com boas notas, naquele tempo eu ainda sentia que era uma esposa dedicada e uma mãe presente (a mãe presente eu ainda sou, rs), no final das contas eu achava que quem precisava de limites era o adicto!
O adicto era uma pessoa que não respeitava muito a mãe, não tinha muito compromisso com o emprego, tinha trancado dois cursos superiores nos últimos anos e que não tinha tempo pra família. Então eu, munida do mais puro dos sentimentos da Co-dependência : O CONTROLE, vivia impondo limites a ele, eu tinha limites para tudo, desde regras de conduta à como ele deveria tocar a recuperação dele -  Sim... eu era uma Sargentona!kkkk  - E vivia frustada com os "desertores" que me rodeavam, isso só me afastou mais ainda dos que eu amava e de quem eu deveria amar : eu !
Mas as regras que eu criava não eram para mim! Esqueci de impor a mim mesma o quanto eu aguentaria, até onde eu iria, e o que eu poderia aceitar de mim e quais atos meus seriam  para eu entender que deveria parar e decidir que dali pra frente eu não daria mais um nenhum passo, que eu não pularia naquele abismo.
Quando começamos a fazer o exercício do círculo, tendemos a incluir as atitudes de outras pessoas, e quais atitudes elas devem evitar ao invés de incluirmos o que não iremos tolerar, porque percebemos que determinada atitude do outro nos afecta, como por exemplo: "O adicto vende as nossas coisas quando quer usar, por isso a recuperação dele acaba sendo necessária, do contrário ele acabará vendendo tudo, se eu não controlar isso como vou fazer?".
Esquecemos que impor limites para nós mesmos é decidir até que ponto eu aguento, se eu não sei até onde vai minhas limitações como posso saber como impor limites?
Todos temos limitações, da mesma forma que temos qualidades especiais, e as limitações psicológicas são como as limitações físicas, quanto mais forçamos os limites do corpo, mais ele se torna resistente, mas existe um ponto em que ele satura, o que muitas vezes pode levar a uma lesão muscular, óssea ou até mesmo uma pane do coração.
Nessa caminhada eu percebi que tenho ainda um medo absurdo do fundo do meu poço, talvez porque eu tenha atingido o fundo do meu poço num momento em que externamente tudo - emprego, adicto e família - estava bem, mas eu... Bom eu estava um caco, era mais um rascunho de gente do que uma pessoa de verdade, minha auto-estima estava esmagada debaixo de 103kg de puro desleixo e desanimo e eu não sabia mais quem eu era.
Aprendi com o Livro Co-dependência Nunca Mais (Melody Beattie),e com os companheiros de Nar-Anon que a maioria dos Co-dependentes tem dificuldades de impor limites reais e/ou manter os que impõe, tendenciamos sempre a afrouxar os limites, vivemos fazendo ameças que jamais serão cumpridas, acabamos criando expectativas em relação ao limites que inventamos, os limites impostos por nós mesmos acabam deixando-nos em estado de alerta eminente ao invés de nos colocar numa posição de tranquilidade.
Depois de muito murro em ponta de faca, aprendi que exigir do Adicto que não tenha recaídas querer ter controle sobre a vida de outra pessoa, afinal a responsabilidade dessa doença é dele e não minha, ao invés disso posso deixar claro ao Adicto quais serão minhas atitudes no caso de uma das recaídas dele afetar a minha recuperação pessoal, sempre ciente de que as atitudes que presume ter devem condizer com a capacidade que eu tenho de cumpri-las, afinal se não cumpri-las isso afetará ainda mais minha recuperação pois a frustração será maior do que se eu não tivesse imposto limite algum.
Os limites servem para ajudar na tão tumultuada relação que nós temos com as outras pessoas, impondo limites e deixando-os visíveis aos que estão ao nosso redor estamos sendo assertivos com nós mesmos e com os outros, deixando claro a quem convive conosco o que queremos, aceitamos e buscamos nos nossos relacionamentos.
No exercício de impor limites a sí mesmo, sempre tenha em mente o amor, imponha limites a si mesmo como se estivesse fazendo a pessoa que você mais ama (se essa pessoa for você mesmo isso já e ótimo!), tenha compaixão e pense sempre com carinho, crie limites que eliminem a possibilidade de "afrouxamento" ou mudança de planos.
Por exemplo, eu decido definir o seguinte limite: "Se meu filho usar drogas eu o expulsarei de casa!" ou "Se ele(a) voltar a usar drogas novamente pedirei a separação e nunca mais lhe darei outra chance!", caso isso ocorra, eu conseguirei cumprir minha palavra? Caso consiga, essa atitude me deixará mais calma ou mais preocupada com o adicto? Essa atitude me fará bem ou ficarei pior emocionalmente? O que estou tentando resguardar com esse limite? Estou realmente tentando me proteger ou o ato de impor esse limite é apenas mais uma forma de tentar controlar a recuperação de outra pessoa?
Não impondo limites rígidos demais e nem limites aos outros evitamos nos frustar, buscando nossas limitações e analisando o que devemos resguardar, criamos limites reais.
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"Se você não conduzir sua própria vida, outra pessoa o fará" (Jonh Atkinson)
Awareness Ribbons Customized - ImageChef.com 1- Você conseguiria criar um limite que não estivesse ligada nem a adicção e nem ao adicto?

3- Faça uma lista de todos os "limites" que você criou nos ultimos tempos. Quais você conseguiu cumprir e com quais você se frustou? Reavalie os quais lhe causarão frustração, eles são tangíveis, amorosos, pessoais e consideram suas limitações?

1 comentários:

··¤(`×[¤Cici¤]×´)¤·· disse...

1- Sim, criei limite em relação a liberdade que meus pais tem em "opinar" na minha vida, mas isso foi dificil, porque mesmo depois de ter alcançado a liberdade financeira eles ainda se viam responsáveis por mim.
2-vou fazer essa lista esse fds"

 

··¤(`×[¤Cicie e Ana¤]×´)¤··

"Insanidade é fazer as mesmas coisas, esperando resultados diferentes." Descobrimos que sozinhas não conseguiríamos, mas que com pessoas que buscam as mesmas vitórias, nos sentimos mais fortes,menos solitárias, e mais conectadas com nosso Poder Superior. Um dia de cada vez a gente junta um ano.

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