Faz algumas semanas que uma certa pessoa não me sai da mente, na verdade duas.... As duas conheci num barzinho que frequentemente eu e minhas amigas frequentamos, um é um "senhor" de +/- 50 anos, e o outro deve ter minha idade (disse as idades porque isso muito influencia no que me pesa a consciência, vcs vão entender)... e acabamos nos tornando colegas, eventuais, afinal acaba que eles sempre estão por lá... cada um com seus "grupinhos" e "nosso grupinho" ta sempre batendo cartão por lá, porque afinal cada uma gosta de um estilo e lá tem de tudo de funk a zouk, de sertanejo a rock... Até aí... tudo bem... tudo bom...
A questão é que da ultima que nos "trombamos" por lá, fiz uma brincadeira comentou para minha amiga que tanto eu quanto ela, transmitiámos a imagem de sermos "mulheres que usam os homens", rs, porque a gente é "independente demais", "resolvida demais".... kkkkkk é na hora eu morri de rir... Mal sabe ele que tanto eu quanto essa minha amiga somos duas Nar-anons em recuperação e ironcamente estamos em recuperação para aprender a não sermos "dependentes" de outras pessoas ... Mas depois... no decorrer dos dias...Isso foi me afetando, e eu fui fazendo de conta que não, cheguei a perguntar para dois amigos íntimos meus, se eu realmente passava essa idéia, mas não sei se é porque eles dois me conhecem intimamente e que os dois deram risada da minha cara... Minha cabeça já tava meio virada, desnorteada por uma carência absurda que vinha me assombrando (leia-se TPM-eu viro bebê qdo tô de TPM-choro assistindo até propaganda de creme dental), daí que sexta decidi por não ir no mesmo lugar de sempre, porque não queria encontrar os figuras... Decidi ir numa troca de ficha de um amigão meu lá no NA, e depois saimos pra dançar....
No sábado deu-se a crise... Por uma decisão idiota decidi não ligar para ninguém, não pedir ajuda, decidi ficar em casa sozinha... Foi a pior merda coisa que fiz...
O orgulho me dominando, sussurando no meu ouvido que eu não precisava ligar, ou que eu ficaria bem.... que a obssessão ia passar... como mágica... A arrogância cozinhando o jantar falando pra si mesma que era besteira esse negócio de partilhar, de ler uma literatura, de ir numa reunião de Nar-anon... E a Auto-piedade sentada no sofa com um edredon fofinho nas mãos pronta pra me abraçar!!!
Resumindo,
Chorei a tarde toda de Dó da Coitadinha da Cicie, lá pelas 19hs, resolvi tomar um banho e sair daquele triângulo das bermudas que eu passei a tarde perdida, tava me sentindo mal ainda... mas hj sei que não adianta alimentar, porque o trio parada dura ai é insaciável, quanto mais vc se permite ouvi-los mais eles te consomem.
Uma amiga me ligou e fomos jantar juntas, conversamos sobre tudo isso, ela me disse que pensou bastante no que o cara falou também, e percebeu que muitas vezes a gente passa essa idéia mesmo, não porque é a intenção, mas porque aprendemos que "temos que forte", "temos que ser forte", ser uma co-dep. é dificil, sem um grupo de apoio por trás da gente então... nossa é insano demais... Mas como todo co-dep. acabamos sempre aprendendo a sermos auto-suficientes demais, responsáveis demais, as vezes nos dividimos em 10 para dar conta da nossa parte e da parte do adicto... E comigo não foi diferente, algumas barreiras eu quebrei, aprendi que não sou responsável por ninguém, e que minhas atitudes não devem ser desculpas para as más atitudes do outro, e vice e versa, aprendi que só posso cuidar de mim, que aos outros eu só posso amar...
Mas é ai que começo a me perturbar, pois parece que estou "cuidando" demais de mim, me "protegendo" demais, é como quando a gente descobre a adicção na nossa familia, e tenta proteger o cidadão de tudo e de todos, e acaba sufocando tanto o cara que ele surta e recaí e daí a gente surta também e recaí na insanidade... To me sentidno adicta e co-dep... a Cicie co-dep tá me sufocando... é uma proteção absurda..kkkkk
Criei barreiras e muralhas para que as pessoas não me machucassem, dentro só os amigos de coração e do coração, aqueles que sabem quando o clima tá tenso,rs, aqueles que me olham rindo, dançando e fazendo piada, mas que quando olham nos meu olhos sabem que eu preciso de um abraço... aqueles que conseguem tirar qq dor do meu peito apenas dizendo: "to aqui neguinha!!! esquenta não!!!"....
Você pode pensar... e não tá certo??? Ter perto da gente quem nos quer bem é muito bom!!!! Os seis meses de internação do meu marido, foram os seis meses mais solitarios que tive em toda a minha vida, TODOS os que se diziam amigos sumiram, caras que antes da bomba estourar se diziam irmãos do meu marido, chegaram até a fazer tatuagens com o simbolo da amizade deles, SUMIRAM... me vi sozinha, eu e minha filha, graças a Deus, tenho uma familia amorosa que nunca deixou de me amar... e graças ao Nar-Anon que me acolheu como um amigo acolhe o outro num dia de tempestade...
Afinal temos que deixar as pessoas que nos fazem mal do outro lado da muralha, longe!!! È eu tinha convicção disso... o problema é que do outro lado da muralha tem também aquelas pessoas que eu ainda não conheci... e que não me conhecem... e que eu não dou "espaço" para me conhecerem... por medo de que essas pessoas podem me julgar, me magoar como as amizades que se foram, que bateram em retirada quando lá no passado descobriram que meu marido era um dep quimico que estava sendo internado...
Essa auto proteção tem afastado as pessoas, eu preciso trabalhar isso... Quarta fui numa reunião do Nar-Anon, partilhei minha dor, recebi um pouco de Força, fé e esperança, dei um pouco da minha também, renovei o fluxo de energia em mim, ontem fui comprar um livro, passei mais de duas horas sozinha numa livraria, passeando... Hoje fiz minha malas e daqui do trabalho vou pra praia encontrar minha filha que tá de férias lá.... Vou fugir um pouco da minha rotina, espairecer... Não sou a favor de fugas... mas só por hoje eu to precisando de férias da co-dep daqui de casa... Eu mesma...rsrsrs...
Engraçado que eu realmente eu me sentindo sufocada pelo meu proprio excesso de proteção.... de auto-proteção agora né....rs
Muito esquisito né??? Mas só isso gente.... Só por hoje eu tenho as respostas só as perguntas mesmo...
4 comentários:
Cicie, não fica brava, mas dei muita risada com o seu post, só porque me vi escrita nele mais uma vez.
Ter que ser forte é uma caracteristica marcante de um codependente, e eu não era diferente disso...
Adorei o post, vc escreveu não so sobre a Cicie, mas sim de muitas de nós que estamos por aí...
Beijos, aproveite a viajem.
Li seu texto um tanto quanto disperso. Sem estar 100% focado. Eu não sei como é que as pessoas me vêem. Sinceramente, pouco me interessaria saber. Como vejo os outros é uma visão particular, minha. Quando conheço alguém e esse alguém tiver princípios, irei encarar essa pessoa com bons olhos, mas se não for, certamente me afastarei. Contudo, quando se trata de mulher eu não quero nem saber. Se ela me agrada, tudo bem. Nos últimos tempos, nessa onda louca da drogadição, eu encontrava muitas mulheres que "só dizem sim" e pra mim, tudo bem. Mas na insanidade eu estava saindo com periguetes e eu não sei mais se - etmologicamente falando - esta palavra deriva de perigo, de mulheres perigosas, ou se são mulheres que estão "à perigo"... Pouco importa, essas criaturas eram "bandidas", do tipo "aproveitadora" e eu me tornava "aproveitador", no final o que elas achavam que me tiraram, eu achava que foi compensado com os obséquios que me fizeram. Mas, quando passava a loucura e o pensamento sadio retornava à cabeça, eu fica puto da vida em ter feito o que fiz. A degradação que a droga nos conduz leva a pegar estas criaturas perdidas na vida, feito gado solto. Então eu verifico que eu sou do tipo que não me interesso, me interessando. Que julga conforme seus valores, que observa a roupa que a mulher está usando, porque, para mim, as roupas são como os olhos, falam muita coisa. Muitas vezes eu me equivoco. Fazer o que? ultimamente ando só. Não quero saber de bar. Olho o passado próximo-recente como algo ruim, que em nada me engrandecia, pelo contrário. Ir a bares é como sair em busca do pecado. Nos bares encontramos de tudo. Como tenho que evitar tantas coisas eu já evito pensar em sair.O "pecado" é onipresente e a tentação é uma tentação. Dai que não tenho mais amigos, nem amigas. Me isolei do mundo, virei ermitão. Um dia, quem sabe, eu volte a frequentar outros lugares. Arrodeei muito! então essa impressão de se achar fácil, é uma impressão. Se acha que é, então acaba sendo. Mas, e dai se fosse? Será que era isso que você quis dizer, ou eu fui pra lá de Bagdad? Vou reler o texto, mas, no fundo, você é uma pessoa solitária, que conversa muito consigo mesmo, o que eu acho excelente bater papo consigo mesmo, é um processo meio louco, mas é útil. Depois vejo muita sensibilidade. Tudo isso significa dizer que você está vulnerável. Mas, fazer o que se todos somos iguais, a diferença está no grau de humanidade e civilização. Eu acredito em amizade, mas eu sempre sinto algo mais pelo sexo oposto, é bom ressalvar porque hoje em dia é imperativo o cara deixar isso bem claro. O mundo está muito modificado e eu sou um cara que tem uma cabeça toda misturada e vivo aprendendo a mudar muitos preconceitos e aceitar as pessoas como elas são... mas até isso é comprometedor. Se tratamos um gay bem, ele vai acabar que sou um simpatizante e não é por ai. Tratar bem é obrigação. Não vou tratá-los mau só porque são desafinados. Então eles são preconceituosos também e isso não é legal. Agora, pra finalizar eu sou co-dependente dobrado, adicto cruzado (alcoólico, mas não dependo da bebida, era só pra misturar e potencializar). Isso é ruim demais. Eu - em matéria de co-dep. sou complicado. Parece ser mais complicado que a própria adicção. Mas volto a ler seu texto. Só não entendi mesmo o final dos dois caras... me perdi em minha dispersão.
OI Amigo anonimo, não me sinto sendo facil,pelo contrario,nunca fui "uma menina facil", sempre cheia de neuras e com medo de me machucar novamente... afinal todas as vezes que me abri sem escudos eu me machuquei.... hj me sinto mal pela possibilidade de não conseguir transparecer o quanto eu também preciso de carinho, de proteção, sei lá... talvez vc não tenha entendido porque nem eu entendo kkkkkkkkk..... devaneios de uma co-dep em recuperação... hj pra mim é dificil deixar alguém se aproximar sem que meu "radar" esteja ligado,,,,sempre prestando muita atenção aos "detalhes"... e se falando de relação de conhecer as pessoas e de fazer amizades... fico sempre com o pé atras.... daí acabo transparecendo que não me importo com o sentinento do outro o que é o contrario.... Ah e o fim dos dois??? Eu não sei....kkkkk tenho fugido da tal baladinha...kkkk mesmo porque um deles deu a entender que queria "me conhecer melhor" e daí eu fugi... não estou preparada nem pra fazer amigos novos...quem dira para "ficar".... essa historia de um beijinho hj e nada mais ainda me assusta...pq eu sei que to carente e vou me envolver....
Amiga... obrigada pelo comentário...li o que vc disse e pensei... "AHHHH PQ A GENTE É TÃO COMPLICADINHA!!!!"...KKKK
Ah, querida Cicie! Quem somos nós, os co-dependentes afinal? Toleramos tudo para proteger e salvar alguém, demonstramos força que não temos, não nos permitimos fraquejar nunca, sonhamos em ser cuidadas, mas jamais permitimos que cuidem, afinal, esse é o nosso papel exclusivo...
Salve, Nar-Anon!!!
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