Sapatos trocados...

Como sou uma nar-anon em recuperação, esposa de um adicto tb em recuperação, nosso ciclo social foi drasticamente modificado, hoje a maioria dos nossos amigos também frequentam grupos anonimos (rs, hoje somos e temos amigos mais loucos que antes, ou pelo menos loucos assumidos), brincadeiras a parte, vivemos trocando experiencias, idéias e desenvolvimentos pessoais entre nós.

O interessante muitas vezes entre essa troca, é poder ver o mundo sobre a perspectiva do outro, pra mim é calçar um pouco o sapato do NA e pro adicto as vezes calçar o sapato do NAR-ANON.

Esse final semana conversando com uma amiga de NA, discutimos um assunto muito interessante.
Ela está se formando psicologa, e conversando acabei expondo meu ponto de vista sobre as relações que eu vi se desenvolvendo , nas relações de NAR-ANONS e seus familiares adictos, e das quais algumas também participei, afinal sou tb uma co-dependente. E como ela se interessou achei legal colocar aqui um pouco da conversa.

Muitas vezes pensamos que os familiares de dep. quimicos acabam tendo comportamentos iguais com todos os adictos, no entando a co-dependencia de cada um cria questões distintas, em situações distintas.

Muitas vezes, mesmo estando a familia toda em recuperação (NA-NAR-ANON), nós nos distanciamos, preferimos nos abrir com nosos amigos do que com nosos familiares, ok...ok...ok... muitos vão dizer... "Mas ele(a) não me entende... Não sabe o que é ter essa doença!"(NA/NAR-ANON). Eu penso diferente, sei sim que algumas coisas só partilho com minha madrinha, é natural afinal eu a escolhi pra me ajudar nessa doença FDP que é a co-dependencia, mas e a cumplicidade? Ou eu viverei eternamente em vigilia? Achando que o adicto lá de casa poderá sempre me manipular, etc. etc. etc... Oras pois... Penso eu.. ele está em recuperação, sim há ainda uma montanha de defeitos de caracter, assim como há em mim tb. Mas se não podemos nos ver como parceiros nessa jornada, quem será? ou melhor... Por que estamos juntos nessa? Pelo amor... seja ele de mãe, de pai, de filho ou no meu caso de esposa. A Cumplicidade também é um exercicio na minha recuperação, confiar e ser confiavel... Ouvir do outro a dificuldade de se manter limpo e continuar serena, sem aquelas neuras de "ai! ele vai recair", poxa e onde tá o deligamento com amor afinal? rs
Cumplicidade é me sentir confortável em pedir ao outro que leve o celular, que não chegue tarde porque ainda não estou preparada para não conseguir ter contato com o outro, dizer que ainda me sinto aflita em algumas situações mas que com a ajuda e carinho dele o soltarei desse controle que eu ainda acho que tenho.
Cumplicidade é dividir as evoluções.... Me sinto muito feliz quando ouço o adicto partilhar que conseguiu escrever seu primeiro passo, ou que conseguiu finalmente decidir seu padrinho, fico feliz também em partilhar com meu marido meu desenvolvimento pessoal no nar-anon.
Não estou dizendo que devemos esquecer que o adicto é um manipulador nato, afinal... um co-dependente quando quer consegue ser bem manipulador tb, estou dizendo que pelo menos podemos tentar um relacionamento mais estreito com nosso familiar adicto, ouvir um partilha de um adicto, não é nada fácil para um familiar, e se vc não está preparado a cumplicidade te ajuda tb a dizer a ele que vc não quer ouvir, pois ainda te machuca demais.
Hoje procuro usar a programação para, além de crescer espiritualmente, fazer crescer tb meu relacionamento pessoal.
Bons Momentos.
Cicie

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··¤(`×[¤Cicie e Ana¤]×´)¤··

"Insanidade é fazer as mesmas coisas, esperando resultados diferentes." Descobrimos que sozinhas não conseguiríamos, mas que com pessoas que buscam as mesmas vitórias, nos sentimos mais fortes,menos solitárias, e mais conectadas com nosso Poder Superior. Um dia de cada vez a gente junta um ano.

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